Um Fruto Nunca Cai Longe do Pé

Dias atrás recebi uma mensagem de um casal muito querido:

– Nossa filha apresentou o TCC dela, hoje na banca da GV e passou com nota máxima! 😊😊😊

Alegria instantânea. Incrível como os feitos dos filhos dos nossos amigos nos tocam tanto quanto os feitos dos nossos.

O que me veio naquele momento foi a fala de um sócio também muito querido, admirado e saudoso, quando ele falava sobre meu filho – numa reunião do board da empresa:

– Um fruto nunca cai longe do pé.

Na mesma hora, agradeci expressando minha alegria (contida), com uma certa naturalidade (forçada):

– Obrigado, Kerry. Fico muito orgulhoso. Principalmente vindo de quem vem.

Mas minha vontade era ligar na mesma hora para minha sócia neste empreendimento chamado “filhos” e dizer: “fizemos um bom trabalho”. Infelizmente, a reunião não permitia.

Mas me permitiu pedir licença por uns minutos para uma rápida ida ao toalete. Fui digerir as palavras e os sentimentos, fechar os olhos e gritar silenciosamente: obrigado!!!

O Plantar e o Colher

Tanto a imagem de uma árvore carregada de frutos, quanto a metáfora que ela nos traz, são coisas lindas de se apreciar. Ainda mais sabendo que não dá para plantar pimentas (que eu, particularmente, adoro) e colher morangos (que gosto também, mas um pouco menos do que de pimentas).

Colhemos o que plantamos. Sim, sempre pode haver uma geada ou uma praga entre uma coisa e outra. Mas existe uma relação muito clara entre causa e efeito aqui.

Mas fico pensando que, para que os frutos sejam realmente bons, entre o plantar e o colher é preciso o cuidar.

Regar, proteger das pragas, acompanhar o crescimento, esperar o tempo de florescer, enfim, oferecer o cuidado.

Com as nossas obras se dá exatamente o mesmo. Sempre colhemos os resultados daquilo que plantamos tempos atrás. Por outro lado, todos os dias plantamos algo, cujos resultados só virão no futuro.

Os Scuds e os Patriots

Na Guerra do Golfo (1991), os iraquianos começaram a disparar mísseis Scud contra Israel. A estratégia seria a de fazer o estado israelense revidar aos ataques e criar uma guerra de maiores proporções, ganhando, assim, aliados na guerra contra a coalizão liderada pelos Estados Unidos.

Esses mísseis causavam um estrago considerável…

Ocorre que, entre o lançamento e o efetivo estrago, existia uma janela de tempo. Aí entraram em cena os misseis Patriot, capazes de interceptar os Scuds, antes de eles chegarem ao seu destino.

Alguns historiadores contestam essa narrativa, mas a questão Scud X Patriot serve bem para ilustrar o conceito de plantio e colheita.

Se conseguirmos interceptar, como um míssil Patriot, os Scuds que nós mesmos disparamos no passado, antes de eles nos atingirem no futuro, estaremos fornecendo para nossas árvores exatamente o que elas precisam para que nos ofereçam bons frutos: o cuidado.

Não podemos ficar, nem um único dia, sem oferecer esse cuidado integral a tudo que é caro para nós: família, amigos, empresa, equipe, clientes, nós mesmos.

Entendo que é esse cuidado integral que vai me permitir ficar no comando da minha vida, sem precisar ficar na torcida para que os Scuds disparados pelo caminho errem o alvo. Às vezes eles não erram.

Não imagino que exista nada melhor nesta vida do que olhar para os frutos da nossa árvore e poder dizer: fizemos um bom trabalho.

Texto em homenagem a uma das pessoas mais brilhantes que tive a oportunidade de conhecer, Kerry Gilger.

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